Mudança no cenário internacional: possível deslocamento da ordem mundial ocidental para a oriental
57
Latitud Sur N° 16, Año 2021. Universidad de Buenos Aires, Facultad de Ciencias Económicas, Centro de
Investigación en Estudios Latinoamericanos para el Desarrollo y la Integración (CEINLADI). (En línea) ISSN
2683-9326.
maior aperfeiçoamento da mão de obra e o aumento dessa mão de obra especializada, além
de garantir recursos financeiros para essas universidades.
Nesse contexto, podemos pensar na teoria das forças produtivas de List. Para o autor, todo o
gasto feito na instrução das pessoas é um consumo em prol das forças produtivas, ou seja,
o maior consumo da nação deve ser utilizado na educação, garantindo assim forças
produtivas para as gerações futuras. A nação deve sacrificar um pouco de seus bens materiais
para adquirir uma habilidade profissional; mas ao mesmo tempo que o protecionismo pede
esse sacrifício material, há o aumento das forças produtivas na nação, além de mais bens
materiais e autonomia em termos de guerra, a longo prazo, como aconteceu com a China
durante as últimas crises mundiais. Esse pensamento de List concorda de maneira indireta
com o que o líder Xiaoping planejou e realizou desde 1978, principalmente em matéria
educacional e em relação ao uso do protecionismo na economia (LIST, 1983).
O exército chinês é uma demonstração expressiva do crescimento econômico do país, pois
desempenhou um papel além das ações tradicionais de defesa e proteção. O exército passou a
fazer parte do complexo industrial-militar, com o propósito de modernizar a indústria da
defesa nacional. Assim, com esse maior controle, o complexo militar teve a possibilidade de
se tornar autossuficiente em despesas como planejamento e pesquisas militares (Medeiros,
2005). Porém, atualmente, as empresas com origem nesse complexo militar, aos poucos têm
o seu controle transferido para agentes privados da China.
Conforme Freitas (2013), para o desenvolvimento dos setores científicos e tecnológicos, o
governo chinês implementou -em 1982-, o Programa Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento em Tecnologias-Chave, e -em 1986- o Programa Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento em Alta Tecnologia. A estratégia utilizada por Xiaoping foi a de
disseminação da tecnologia por meio das universidades. Na segunda metade de 1990, o
governo lança o Programa Nacional de Pesquisa Básica e a China começou a realizar
investimentos para a formação de pesquisadores, criação de laboratórios, centros de pesquisa
e atração de cientistas chineses vivendo no exterior.
Vale ressaltar que esses programas foram realizados para resultados a longo prazo, conferidos
nas décadas seguintes. Primeiramente, destaca-se o fortalecimento das pesquisas realizadas
em programas de pós-graduação e, em segundo lugar, verificou-se a transformação do perfil
típico da indústria transportadora, que impulsionou o crescimento da economia com a venda
de produtos que necessitavam de mais trabalho do que conhecimento e depois passaram a ter
uma grande participação dos itens de alta tecnologia (KNEWITZ, 2013). Segundo um artigo
publicado por Kroeber em 2007, no Portal Fator Brasil, o princípio básico da economia
chinesa é importar tecnologia de forma barata, se for preciso por roubo também, e então
produzi-la pelo menor custo possível para o maior número de pessoas. Assim, para o autor,
o desempenho chinês -desde 1979- vem da difusão tecnológica e não propriamente da
invenção dessas tecnologias.
O progresso científico e tecnológico está criando condições para que a China seja
considerada uma eventual candidata ao lugar de superpotência mundial, inclusive na área da
segurança nacional, com os investimentos em tecnologia militar (Chamorro, 2020). O foco
nessas áreas é tão grande que o governo chinês oferece como incentivo, para empresas com
qualificações tecnológicas avançadas, a isenção de impostos por cinco anos, com a