Incrementos e retrocessos das políticas de Renda Básica na Região Metropolitana fluminense em meio à
pandemia…
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Latitud Sur N° 17, Vol. 1, Año 2022. Universidad de Buenos Aires, Facultad de Ciencias Económicas, Centro
de Investigación en Estudios Latinoamericanos para el Desarrollo y la Integración (CEINLADI). (En línea)
ISSN 2683-9326.
concebido para uso de seus rendimentos diretamente em um programa de renda mínima como
no Fundo Soberano de Maricá. No caso niteroiense, a proposta visa a ser um mecanismo de
sustentabilidade fiscal para o futuro do município, quando se encerrarem os repasses
derivados do petróleo. No entanto, o fundo foi fundamental para a realização dos programas
emergenciais necessários para se minimizar os impactos sociais e econômicos decorrentes da
pandemia no município. Dessa maneira, ele foi planejado antes da pandemia, mas seu uso
emergencial se deu no contexto delicado. No caso maricaense, o Fundo foi pensado para criar
salvaguardas futuras para a Renda Básica, como ocorre com a política de RB do Alasca
(ZELLEKE, 2012).
Quando colocada em perspectiva com outras iniciativas municipais e estaduais, Niterói se
destaca. Em geral, os programas dos outros locais não prezaram pela regularidade de seus
auxílios – uma das características essenciais de uma renda básica. Enquanto os programas de
Manaus (AM), Goiânia (GO) e Vitória (ES) realizaram transferências de até R$300,00 por
família durante 6 meses, Louveira (SP), Brasília, São Paulo (SP), Macapá (AP), Recife (PE)
e os governos estaduais do Amazonas e Mato Grasso anunciaram programas com duração
entre 2 e 3 meses. Ainda existem os programas que transferem uma parcela única, como é o
caso do município do Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais. Além de Niterói e Maricá,
Salvador ofereceu um programa com duração acima de 12 meses de forma ininterrupta. Esse,
no entanto, paga R$270,00 a cerca de 20 mil trabalhadores afetados pela pandemia, não se
destinando às famílias mais vulneráveis inscritas no Cadastro Único. Já os programas “Bora
Belém” e o “Supera Rio” – do Estado do Rio de Janeiro – tiveram início apenas no ano de
2021, sendo um dos poucos programas que pretendem perdurar até o final de 2021, ou até o
final da pandemia no caso do “Supera Rio”.
Outro ponto a se observar, para além da regularidade e valores dos programas, são as
diferentes formas de focalização. A grande maioria dos programas se valem do CadÚnico
para delimitar sua população elegível, evidenciando a importância dessa robusta base de
dados para a realização de políticas assistenciais locais (BARROS; CARVALHO;
MENDONÇA, 2019). Existem também os programas cuja população alvo são os
beneficiários do Bolsa Família, outros muitos que focam nos trabalhadores informais
afetados pela pandemia, os que exigem frequência em cursos de qualificação como no
programa “Via Rápida” do Estado de São Paulo.
Em Niterói, a prefeitura informou que o município já transferiu, em média, R$ 797,57 por
habitante como Renda Básica Temporária, enquanto Manaus teria empenhado R$ 43,25, São
Paulo R$ 40,57, Goiânia R$ 28,32, Salvador R$ 22,86, e Rio de Janeiro R$ 14,82 por pessoa.
Tendo empenhado cerca de R$ 1 bilhão para mitigar os impactos da pandemia, a prefeitura
niteroiense estima que, considerando uma média de cinco pessoas por família, atendeu a
aproximadamente metade da população de Niterói com os programas Renda Básica
Temporária e Busca Ativa. Todavia, para efetivar uma ação pública mais efetiva é necessário
que o governo municipal torne permanente a ação temporária.
Neste sentido, a prefeitura de Niterói deu um importante incentivo, com forte inspiração em
Maricá, sancionando em julho de 2021 a Lei 3621/2021, que institui o Programa de
Economia Solidária, Combate à Pobreza e Desenvolvimento Econômico e Social do
Município de Niterói. Esse programa instaura a Moeda Social Araribóia, que servirá de
mecanismo para a realização do pagamento de uma renda mínima permanente às famílias em