Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
O agronegócio no Brasil:
uma breve revisão histórica e conceitual
André Barbosa Ribeiro Ferreira,1 Márcio Roberto Toledo,2 Gabriel Pereira3 y
Fernanda Cristina Resende4
.....
Resumen
La actividad agrícola ha sufrido varias transformaciones a lo largo
del tiempo, de ser una condición de supervivencia a convertirse en
actividad económica. Estas transformaciones son el resultado del
sólido desempeño del Estado y el capital financiero, que, desde me-
diados del siglo XX, a través de la modernización del campo, cambió
el escenario agrícola del país. El proceso de modernización ha pro-
vocado múltiples cambios en el uso agrícola y urbano del territorio
brasileño, influyendo en la economía, la base productiva, el paisaje
e incluso la cultura. Esta investigación tiene como objetivo presentar
1 Doutorando em Geografia pela Universidade estadual Paulista – UNESP Rio Claro.
e-mail: andreribeirogeo@gmail.com
2 Professor PhD do Departamento de Geociências da Universidade Federal de São
João del-Rei. e-mail: mtoledo@ufsj.edu.br
3 Professor PhD do Departamento de Geociências da Universidade Federal de São
João del-Rei. e-mail: pereira@ufsj.edu.br
4 Mestre em Geografia pela Universidade Federal de São João del-Rei.
e-mail: fernandinhar.rc@gmail.com
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 - 1er semestre de 2019
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Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
una síntesis del proceso de modernización agrícola en Brasil desde la
década de 1960.
Palabras clave: Modernización agrícola. Estado. Globalización. Ca-
pital financeiro.
Summary
Agribusiness in Brazil: a brief historical and conceptual review
Abstract: The agriculture activity has undergone several transfor-
mations over the time. This practice has changed from the survival
conditions through economic skills. These changes result by strong
State performance and financial capital. Hence, after the middle of
twentieth century, through the countryside development, it have
changed the national agricultural scenario. The modernization pro-
cess caused multiple changes in the agricultural and urban using
of the Brazilian territory, influencing the economy, the productive
basis, the landscape and even the culture. This research aims to pre-
sent a synthesis of the agricultural modernization process in Brazil
from 1960.
Key-words: Agricultural modernization. State. Globalization. Fi-
nancial capital.
Resumo
A atividade agrícola passou por diversas transformações ao longo
do tempo, deixando de ser uma condição de sobrevivência para se
transformar em atividade econômica. Essas transformações resul-
tam da forte atuação do Estado e do capital financeiro, que, a par-
tir da metade do século XX, através da modernização do campo,
mudaram o cerio agrícola do país. O processo de modernização
ocasionou múltiplas mudanças no uso agrícola e urbano do terri-
tório brasileiro, influenciando na economia, na base produtiva, na
paisagem e até mesmo na cultura. Essa pesquisa tem o objetivo de
apresentar uma síntese do processo modernização agrícola no Brasil
a partir da década de 1960.
Palavras Chave: Modernização agrícola. Estado. Globalização. Ca-
pital financeiro.
68 A. Barbosa Ribeiro Ferreira, M. R. Toledo, G. Pereira y F. C. Resende
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
Introdução
A agricultura faz parte do processo da evolução técnica e cultu-
ral das experiências acumuladas pelo homem ao longo do tempo. Os
primeiros sistemas de cultivo ocorreram no período neolítico, há menos
de 10 mil anos, em algumas regiões pouco numerosas e relativamente
pouco extensas do planeta, expandindo-se pelo mundo de duas formas:
os sistemas pastorais e o cultivo de derrubada e/ou queima, que cede-
ram lugar a diversos sistemas agrios pós-florestais que evoluíram de
maneira independente, de acordo com as características de cada região,
clima e relevo, aperfeiçoando técnicas, equipamentos, aumentando
cada vez mais a colheita (Mazoyer e Roudart, 2010, p.45).
Assim, de revolão agrícola em revolução agrícola, chegou-se
ao sistema de produção agrícola atual: mecanizado, fertilizado com au-
lio de insumos e especializado (Mazoyer e Roudart, 2010, p.45), dei-
xando de ser apenas fonte de sobrevivência para ter outra organização,
visando lucro (Braidwood, 1995, p.155). A agricultura brasileira até a
chamada segunda revolução agrícola, meados do século XX, era bastan-
te diferente do que se vê no cenário atual. Naquela época, apesar de já
existirem monoculturas como café e cana de açúcar, também eram cul-
tivados produtos para o abastecimento local. Eram atividades de plantio
diversificado e baseadas em gêneros de primeiras necessidades, como
arroz, feijão, milho, legumes e outros. Também nas propriedades rurais
eram produzidos e adaptados veículos de transporte básico e insumos
como adubos orgânicos e sementes (Giordano, 2000, p.2). De acordo
com Giordano (2000, p.3), foi no período pós Segunda Guerra Mundial
(1945) que o rumo da agricultura mudou. Foi a chamada “Revolução
Verde” que, no Brasil e em outros países menos desenvolvidos, só se
consolidou após a década de 1960.
A modernização agrícola da segunda metade do século XX foi
um fenômeno de proporções planetárias. Conhecida generica-
mente como paradigma da Revolução Verde, suas principais ca-
racterísticas podem ser resumidas na renovação da base técnica
produtiva através do uso de insumos químicos (fertilizantes e
agrotóxicos), maquinário agrícola e sementes híbridas de alto
rendimento (pacotes tecnológicos aplicados a diversas partes
do mundo). Dentre as implicações da adoção e difusão espacial
dessa prática, podemos destacar o aumento da produtividade e
dos custos de produção, o avanço de monoculturas sobre a pe-
quena agricultura familiar, financeirização das atividades agrí-
colas, agravamento de danos ambientais (erosão, contaminação
do solo e da água) e maior participação de grandes corporações
O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual 69
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em diversas etapas da cadeia produtiva (Toledo e Castillo, 2009,
p.46-47).
O projeto estatal de modernização do território brasileiro intro-
duziu sistemas técnicos de produção inovadores que utilizam maquiná-
rios importados, produtos químicos e novos tipos de sementes, modifi-
cando o espaço e o tempo da produção agrícola assim como a divisão e
organização do trabalho no meio agrícola. Tais inovações técnicas e or-
ganizacionais vão criando um novo uso do tempo e um novo uso da ter-
ra (Santos e Silveira, 2001, p.245) em porções espeficas do território
nacional, privilegiando algumas regiões e culturas (Elias, 1996, p. 10).
Após a segunda metade do século XX ocorreu também o proces-
so de industrialização no país, favorecendo o crescimento de centros
urbanos e o aumento de êxodo rural. As transações entre produtores e
compradores passaram a se realizar nas cidades, assim como o forneci-
mento de máquinas, insumos e implementos que passaram a ser feitos
por empresas que estavam a montante da produção rural (Giordano,
2000, p.3).
Conforme Oliveira (2004, p.144), os avanços da Revolução Verde
no setor agrícola-industrial e das pesquisas nas áreas da química, me-
nica e genética, iniciados nos anos 1960 e intensificados na década
seguinte, culminaram com um dos períodos de maiores transformações
na história recente da agricultura e da agronomia, participando deci-
sivamente para a modernização agrícola. No entanto, a modernização
não representou uma mudança na estrutura agrária brasileira e nas
relações de produção e de trabalho no campo. Ela apenas autorizou a
produção em grande escala, em curtos períodos, com reduzida mão de
obra e voltado a abastecer, principalmente, o mercado externo que nos
dias de hoje dita as regras da produção agrícola no Brasil.
Estudiosos brasileiros, como Delgado (1985), Furtado (1989) e
outros, adjetivam o processo de modernização com “conservadora”. Sil-
va (1993, p.3) completa que o termo “conservador” representa o caráter
excludente deste modelo de modernização, tanto no que se refere ao
tamanho do produtor como ao local em que está inserido.
Esse novo modelo de produção agrícola (modernizada) recebe o
nome de “agronegócio”, termo que foi cunhado na década de 1990 para
caracterizar a agricultura capitalista. O conceito, na língua portuguesa,
deriva da palavra agribusiness, apresentado em 1957 por Davis e Gold-
berg e que compreende um complexo de sistemas que integra todas as
dimenes da economia capitalista: agricultura – indústria – comércio
- finanças (Camacho, 2012, p.5).
70 A. Barbosa Ribeiro Ferreira, M. R. Toledo, G. Pereira y F. C. Resende
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
Diferente do modelo de produção agrícola tradicional, que tinha
como representante o camponês, um modelo produtivo majoritaria-
mente familiar e em propriedades de pequeno e médio porte, o agrone-
gócio desponta como um modelo de desenvolvimento econômico mais
predador, expropriador e excludente, priorizando a produtividade e
as novas tecnologias (máquinas, adubos, defensivos, etc.) (Fernandes,
2004, p.1).
Canuto (2004, p.2) afirma que os meios de comunicação, quase
diariamente, apresentam à opinião pública nacional os grandes avanços
e as conquistas do agronegócio, colocando-o como o setor de melhor de-
sempenho na economia brasileira, o responsável e garantidor dos supe-
rávits na balança comercial. No entanto, o agronegócio possui um viés
conservador que raramente é mostrado, pois, por trás do avanço tec-
nológico e do aumento da produção, esconde uma estrutura fundiária
concentradora, injusta e predatória com o ambiente e com o trabalho.
Camacho (2012, p.2) propõe chamar este modelo de agronegócio
no Brasil de “Barbárie Moderna”, pois o considera predador da sociobio-
diversidade. Segundo o autor (Op.Cit.), além da destruição ambiental,
o agronegócio interrompe o processo humano de produção da cultura
popular, pois ‘des(re)territorializa’ os sujeitos produtores desta cultura
no campo. Ou seja, nos territórios do agronegócio, a cultura popular
deixa de existir.
Stedile (2006, p.17) afirma que o agronegócio é a manifestação
do neoliberalismo na agricultura. O modelo produtivo é uma aliança
entre os grandes fazendeiros capitalistas, que se dedicam à exportação,
com as empresas transnacionais que controlam o comércio agrícola in-
ternacional, as sementes, a produção de agrotóxicos e a agroindústria.
“O filhote desse matrimônio chamou-se agronegócio”.
O modelo produtivo do agronegócio é uma versão atualizada do
capitalismo no campo, nele a produção é organizada a partir de apa-
ratos técnico-científicos, grandes latifúndios, pouca mão de obra, pre-
domínio da monocultura, dependência do mercado e empresas rurais,
entre outros (Matos e Pessoa, 2011, p.4).
Levando em consideração este processo de mudança na produção
agrícola brasileira, o objetivo deste artigo é apresentar uma análise his-
tórico-geográfica da relação do agronegócio com a política brasileira, o
processo de globalização do mercado financeiro e suas interferências na
cultura e na paisagem. O recorte temporal do estudo parte da década de
1960 e vai até o início do século XXI.
O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual 71
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
O processo de modernização agrícola e o estado
De acordo com Fernandes (1993, p.155), a modernização é um
processo de transformação nas esferas social, econômica e política, que
se desenvolve por feixes de relações. A política é um feixe pode ampliar
ou estreitar essas relações, fazendo com que prevaleça uma esfera sobre
a outra. O processo de modernização agrícola brasileiro se iniciou atra-
vés do predomínio de uma esfera econômica durante o regime militar,
quando foram implantadas políticas agrárias extremamente conserva-
doras que viabilizaram a internacionalização e aceleração do processo
de industrialização do país, refletindo diretamente no campo, desenvol-
vendo um sistema de agricultura capitalista.
Segundo Oliveira (2010, p.7), o período foi marcado por reivin-
dicações e organizações dos camponeses, sobretudo os nordestinos, que
lutavam contra a exploração do trabalho no campo. Os pequenos avan-
ços, como a criação da Superintendência da Política Agria (SUPRA)
criada durante o Governo de João Goulart, que pretendia implementar
as medidas da reforma agrária, foi por água abaixo com a ascensão dos
militares ao poder, que abortou o projeto de reforma agria e caçou as
lideranças militantes nas Ligas Camponesas. Assim, durante os 20 anos
de governo militar o tema “reforma agria” foi desprezado. Foram cria-
das leis que se referiam a Reforma Agrária, como a Lei 4.504 (Estatuto
da Terra), mas nunca colocadas em prática.
Conforme Fernandes (1993, p.156), o grande momento históri-
co da realização da Reforma Agria e diminuição das desigualdades
sociais foi sabotado por um pacto de elites, bancadas ruralistas e bur-
guesias industriais que decidiram mudar o rumo do país, optando em
manter a desigual estrutura fundiária e realizar uma modernização tec-
nológica na grande propriedade através de subsídios.
Para Oliveira (2004, p.144), o início dessa modernização se deu
já nas décadas de 1930 e 1940, durante a chamada “Era Vargas”, com
a criação de colônias agrícolas nacionais e a interiorização do país na
chamada “Marcha para o Oeste”, que buscava de novas frentes fornece-
doras de produtos para os emergentes centros urbanos.
A chamada Revolução Verde foi estimulada por políticas estatais
e capital internacional, redefinindo as funções agrícolas no território
nacional diante da entrada do capital internacional.
Segundo Belik e Paulillo (2001, p.97) e Miralha (2006, p.33), a
modernização se concretizou com a constituição do Sistema Nacional
de Crédito Rural (SNCR) em 1964, integrando a atividade rural à dinâ-
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mica industrial, proporcionando às médias e grandes propriedades a
adoção de técnicas, maquirios e insumos que compuseram o comple-
xo agroindustrial.
Durante o Governo Costa e Silva foi elaborado um “Plano Es-
tratégico de Desenvolvimento” que objetivava a intensificação da mo-
dernização do sistema de abastecimento. Dessa forma o Estado facili-
tou a obtenção de crédito através do SNCR/1965, o que fez com que
os contratos de financiamentos dobrassem entre 1968 e 1970, criando
condições favoráveis para o estabelecimento da agricultura capitalista
(Fernandes, 1993, p.157).
O Estado subsidiava o desenvolvimento agrícola através de fi-
nanciamentos mais acessíveis aos grandes produtores e latifundiários,
já que quanto maior a propriedade de terra, maior era a disponibilidade
de recursos e garantias de pagamento da dívida. O fato intensificou as
grilagens e as aquisições de novas propriedades, além da supressão do
pequeno produtor, que não conseguia o mesmo crédito e acabava por
vender suas terras aos maiores produtores (Fernandes, 1993, p.157).
Nesse período, segundo Fernandes (1993, p.158), o Estado fa-
voreceu vários grupos empresariais nacionais e internacionais, que se
apropriaram de grandes extensões de terras, sobretudo nas regiões
Centro-Oeste e Norte do território brasileiro. O fato culminou em uma
Comissão Parlamentar de Inquérito que deu origem ao chamado Re-
latório Velloso, que nada mais foi do que uma intervenção de fachada
para esconder uma estratégia geopolítica de apropriação de terras para
investimento estrangeiro (Fernandes, 1993, p.157).
O governo seguinte, de Emilio Garrastazu Médici, utilizando do
lema “Brasil Grande” pretendia transformar o país em um grande celei-
ro que alimentasse o mundo. Assim, Médici criou o “I Plano Nacional de
Desenvolvimento” (PND), concedendo incentivos fiscais e incentivando
a produção e intensificação tecnológica. O governo também impulsio-
nou o projeto de colonização das terras ao Norte e Centro-Oeste do país
como uma pseudo reforma agria que, na verdade, objetivava maior
controle e administração dos militares perante os ascendentes conflitos
sociais no campo (Fernandes, 1993, p.158).
Em 1974, Governo de Geisel, em meio à crise do petróleo5 e mu-
danças na economia mundial, foi lançado o “II Plano Nacional de De-
senvolvimento”. Os objetivos do Plano para o setor agropecuário eram
5 A Crise do Petróleo eclodiu com Guerra do Yom Kippur, ou Árabe-Israelense, onde o
preço do barril do produto quadriplicou por meio da ação coletiva dos membros da
Organização dos países Exportadores de Petróleo (Opep) (SANTANA, 2006, p.159).
O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual 73
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a manutenção do crescimento econômico e contribuições mais signifi-
cativas à expansão do PIB, que seria uma forma de enfrentar a crise.
Efetiva-se assim o papel do Brasil como provedor de alimentos, maté-
rias primas e produtos industrializados (Fernandes, 1993, p.159). Res-
salta-se que nesse período foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecria (EMBRAPA) (Gonzalez e Costa, 1998, p.21).
Entre o final da década de 1970 e início de 1980, os financiamen-
tos entram definitivamente em crise. Inicia-se então, segundo Bresser e
Nakano (1983, p.3), uma pressão sobre os preços agrícolas em função
da expansão inadequada na área plantada e quebra de safra. Esse fe-
nômeno ocorreu, dentre outros motivos, como o Segundo Choque do
Petróleo6 que fez com que os preços duplicassem, pela insuficiente ofer-
ta de produtos para o abastecimento interno, sendo que o estímulo era
a expansão dos produtos agrícolas voltados para o mercado externo
(Bresser e Nakano, 1982, p.5).
Eis que o projeto de modernização e a economia do país se tor-
naram ainda mais susceptíveis, mais dependente das oscilações e de-
mandas internacionais, já que era com estes as maiores operações co-
merciais.
De acordo com Novaes (2008, p.6),
o preço a ser pago pelo Brasil para a consolidação de sua política
desenvolvimentista foi o endividamento externo, que extrapolou
as possibilidades da balança de pagamentos, acarretando o es-
trangulamento do seu crescimento econômico. E isso acontece,
justamente, no momento em que a economia brasileira foi sub-
metida a quatro choques econômicos no final dos anos 1970 e
início da década seguinte.
Com o recrudescimento da crise econômica, em 1981, no gover-
no de João Figueiredo, é publicado o “III Plano Nacional de Desenvol-
vimento”. Este, diferente dos PNDs I e II, para o setor agrícola, dava
ênfase à produção de alimentos básicos e produtos de exportação com
primazia às pequenas e médias propriedades nas políticas de financia-
mentos agrícolas (Fernandes, 1993, p.160).
Conforme com Gonzalez e Costa (1998, p. 25),
foi no contexto de agravamento das contas públicas, principal-
mente em função da crise externa, que o modelo de desenvolvi-
6 O Segundo choque do Petróleo originou a partir do conflito entre Iraque e I, ge-
rando um novo foco de instabilidade no Oriente Médio e nova crise mundial oriunda
do aumento da cotação internacional do barril de petróleo. A crise gerou repercus-
são imediata no Brasil, onde as reservas de petróleo estavam decaídas (SANTANA,
2006, p.172).
74 A. Barbosa Ribeiro Ferreira, M. R. Toledo, G. Pereira y F. C. Resende
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
mento do setor agrícola baseado no crédito rural farto e barato
começou a dar sinais de esgotamento. Os incentivos via crédito,
principal pilar de sustentação da modernização do setor, teriam
que ser cortados já que o país não mais poderia depender de
poupança externa.
Após atingir seu mais alto valor, em 1980, e recuar até 1984 a um
valor inferior ao de toda uma década, o crédito agrícola retoma cres-
cente em 1985 e 1986 (Gráfico 1), governo de José Sarney (Gonzalez e
Costa, 1998, p.15).
Gráco 1: Concessão de Créditos Rurais entre 1969 e 2012.
Elaborão: Autores, 2019. Fonte: Banco Central do Brasil - Departamento de Regulação,
Supervisão e Controle das Operações do Crédito Rural e do Proagro-DEROP; Registro Comum
de Operões Rurais - RECOR (2019)
Em 1985, o então presidente da república, José Sarney lançou o
“Plano Nacional de Reforma Agrária” que tinha como meta proposta be-
neficiar 1.400.000 falias (Artigo 1º do Decreto nº 91.766/85). Porém,
de acordo com Fernandes (1993, p.160), apenas 10% foi realizado, já
que o plano foi fortemente contido pela mesma elite conservadora que
em 1988 excluiu a Reforma Agria da reforma Constitucional.
O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual 75
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
Entre o final da década de 1980 e início da de 1990, com o au-
mento da adesão às políticas de cunho neoliberal por Fernando Collor, o
governo criou e reestruturou normas para abertura dos mercados agrí-
colas. Segundo Batista (1994, p.27), foi com Collor alinhado aos Esta-
dos Unidos que o Brasil aderiu intensamente aos postulados neoliberais
do Consenso de Washington, abrindo o mercado e “enxugando” o Esta-
do. Tais ações culminaram em maiores investimentos externos no país
o que o tornou ainda mais dependente do mercado internacionalizado.
Segundo Massuquetti, Souza e Beroldt (2009, p.12), nos anos
1990, houve uma diminuição da participação do governo federal no
financiamento para agricultura deixando grandes empresas ligadas ao
agronegócio reorganizarem o espaço da produção agrícola de acordo
com seus interesses. O crédito rural, no entanto, manteve-se basica-
mente na sistemática anterior, passando a ser corrigido pela inflação
e com limites fixados de recursos emprestados em função do tamanho
do produtor.
Segundo Guimarães (1997, apud Gryzagoridis e Ferreira, 2008,
p.9), as médias anuais dos financiamentos concedidos pelo SNCR entre
1975/79 e 1980/89, foram respectivamente R$ 29,95 bilhões e R$ 21,88
bilhões. Já nos períodos 1990/99 e 2000/05, as médias anuais foram,
respectivamente, R$ 13,38 bilhões e R$ 16,43 bilhões, bastante inferio-
res às dos períodos anteriores.
Apesar dos percalços trazidos pela redução do crédito estatal, a
agricultura brasileira conseguiu manter um bom desempenho e aumen-
to da produtividade através de avanços técnico-científicos aliados às
novas políticas e planos econômicos e mecanismos privados que permi-
tiram o crescimento das exportações.
Em 1993, no governo Itamar Franco, o Estado diminuiu ainda
mais o crédito subsidiado e a garantia de preços mínimos, o que gerou
consequências no setor agrícola e uma seletividade produtiva, concen-
trando a produção em produtos que recebiam mais apoio tecnológico
(Baer, 2002, p.408). Quanto à reforma agria, o então presidente pro-
porcionou uma lenta retomada das ações de assentamentos, mais pro-
missoras do que seu antecessor.
O governo seguinte, Fernando Henrique Cardoso (1995/2002),
foi marcado pelas consequências da implantação do Plano Real, como
as altas taxas de juros, a valorização da taxa de câmbio e a liberalização
da importação, que atingiram o setor agrícola. Houve assim redução
dos gastos na denominada “Função Agricultura” até 1997 (Sonaglio e
Rodrigues, 2012, p.12). De acordo com Novaes (2008, p.10), coube ao
76 A. Barbosa Ribeiro Ferreira, M. R. Toledo, G. Pereira y F. C. Resende
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
governo FHC à continuidade das “políticas modernizadoras” e abando-
nando definitivo do modelo nacional-desenvolvimentista, abrindo ain-
da mais o mercado ao capital internacional. Um exemplo dessa abertura
foi a Lei Kandir, uma lei complementar de 13 de setembro de 1996, que
dava isenção de ICMS às exportações agrícolas a partir de 1997.
O governo FHC foi marcado por tensões sociais no campo em
busca da Reforma Agrária. Ocorreram conflitos e tragédias como de
Corumbiara, o Massacre de Eldorado de Carajás. Embora o tema “re-
forma agrária” estivesse nos programas políticos dos dois mandatos de
Fernando Henrique Cardoso, esta não teve prioridade e nem foi inse-
rida na política de desenvolvimento nacional, que favorecia significa-
tivamente às grandes propriedades voltadas para exportação (Coelho,
2016, p.182).
Segundo Delgado (2010, p.58), o governo seguinte, de Luiz Iná-
cio Lula da Silva (2003-2010), deu continuidade parcial aos projetos
neoliberais no que se refere à agricultura e ao meio rural, contendo, no
entanto, diferenças não desprezíveis, como a suspensão da continuida-
de das privatizações e a adoção de uma política externa mais indepen-
dente em relação aos Estados Unidos e mais próxima aos governos da
América Latina. A imporncia do agronegócio continuou intocada na
economia e na política brasileira durante o governo Lula, já que exercia
um papel estratégico para o ajustamento de contas e economia do país.
No segundo mandato de Lula o sucesso das exportações de pro-
dutos agrícolas quadriplica seu valor (em dólares) na primeira década
do século XXI, passando de 50 bilhões de dólares no período 1995/99
para 200 bilhões do final da primeira década deste século (Delgado,
2012, p.95). Em números de produção, só a região produtora denomi-
nada Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), ampliou sua área
plantada em 250% entre os anos 2000 e 2014, passando de 1,2 para 4,2
milhões de hectares (Frederico e Almeida, 2019, p.129).
Apesar do sucesso econômico, houve crescimento exacerbado da
produção de produtos transgênicos e também uma aproximação entre o
Estado e grandes empresas ligadas ao agronegócio, como a Monsanto, a
Cargill e a Bunge entre outras (Delgado, 2010, p.60).
Quanto às políticas relacionadas a Reforma Agrária, estas fica-
ram aquém do esperado, tendo sido reduzido o número de assentamen-
tos de 101 mil em 2005 para 21,5 mil em 2008. Assim, o governo federal
praticamente desistiu do mecanismo de desapropriação para a reforma
agrária, pois a participação das terras desapropriadas no total das ter-
ras arrecadadas para reforma agrária caiu de 40% no segundo governo
O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual 77
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
FHC para 5% no primeiro governo Lula (Delgado, 2010, p.63). Todavia,
o governo ofertou uma série de programas sociais que melhoraram as
condições de vida de parcelas mais desprotegidas da população e que
propiciaram a revitalização de pequenas cidades e comunidades rurais
no interior do Brasil (Delgado, 2010, p.64).
O governo seguinte, Dilma Rousseff (2010-2016), manteve as ca-
ractesticas do anterior. Os créditos agrícolas mantiveram-se em alta,
ultrapassando os maiores valores das décadas anteriores, chegando a
166 bilhões de reais entre 1º de julho de 2015 e 30 de junho de 2016.7
o número de assentamentos, apesar do gradativo aumento entre 2011
e 2014, foram os menores números desde 1994, somando 107.354 fa-
lias.
Cunha (2016, p.3) considera que houve omissão no que se refere
à reprodução estrutural do latifúndio no Brasil nos governos Lula e
Dilma, pois, segundo o autor (Op.Cit.) ambos se renderam à hegemonia
da agro-minero-exportação e secundarizaram as políticas estruturantes
para os povos do campo. Amostra significativa dessa “omissão” foi a
aprovação de novo Código Florestal de 2011 (menos rígido e que auto-
rizou explorar áreas antes preservadas).
A substituição de Dilma Roussef e por Michel Temer (2016-2018)
significou a retirada de programas voltados aos camponeses (Cunha,
2017, p.305), porém, com um aumento substancial na concessão dos
Créditos Rurais. Nos anos agrícolas de 2016/17, 2017/18 e 2018/19 fo-
ram investidos, respectivamente, 153,6 bi/169,0 bi/176 bilhões de reais
nos financiamentos agropecrios (MAPAa, 2019, online).
Nesse período, os assentamentos atingem cotas mínimas, soman-
do 1.686 famílias em 2016 e nenhuma em 2017 (MST, 2018, online).
O governo Jair Bolsonaro (2019-2022), desde a campanha, tem
mostrado apoio à elite ruralista e pouca preocupação com o meio am-
biente, manifestado através da liberação de diversos insumos de alta
periculosidade e favorecimento às queimadas. Além disso, a concessão
de créditos rurais permaneceu na faixa de 169,33 bilhões de reais para
o ano agrícola 2019/2020 (MAPAb, 2019, online).
Em relação às políticas governamentais de reforma agria, à
luta pela terra e as demandas da agricultura familiar e povos e comu-
nidades tradicionais pouco se espera deste governo cujo lema é: “-chega
de bagunça na reforma agrária” (Leite, Tubino e Sauer, 2019, p.181).
7 O ano agrícola inicia em 1º de julho e vai até 30 de junho do ano seguinte.
78 A. Barbosa Ribeiro Ferreira, M. R. Toledo, G. Pereira y F. C. Resende
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
Desse modo, concordando com Silva (1993, p.3), a modernização
agrícola brasileira foi e é resultante de uma “orquestração” de interes-
ses. Ela representou a consolidação técnica e financeira dos Circuitos
Agroindustriais, impondo transformações nos planos de concentração e
centralização dos capitais agropecuários.
A globalização do mercado
A partir das transformações na produção agrícola na década de
1960, o Brasil se inseriu na lógica da globalização econômica (Elias,
2013, p.1). Com aprofundamento do processo de globalização, a for-
ma de vivenciar o espaço e o tempo sofreram modificações. O tempo
passou a transcorrer de forma cada vez mais acelerada e os espaços
se tornaram menores (Arjo e Elias, 2005, p.1123). A globalização,
as estruturas, funções e formas ‘antigas’ sofreram uma desorganização
e reestruturaram-se a produção e os territórios preexistentes, reelabo-
rados para atender a produção globalizada, de referência planetária,
aumentando a complexidade dos seus sistemas técnicos e de suas rugo-
sidades (Elias e Pequeno, 2007, p.26).
De acordo com Fuini (2013, p.50), a globalização representa um
fenômeno marcante que define novas qualidades ao espaço e suas espe-
cificidades na construção de territórios e lugares através da integração
de mercados, produções e finanças que fundam uma nova divisão terri-
torial do trabalho e acirram as desigualdades sociais.
Para Santos (2008, p.239), essas transformações caracterizam
um novo momento do capitalismo, denominado período técnico-cien-
fico-informacional, marcado pela união entre a técnica e a ciência,
representando a “cara geográfica da globalização”. De acordo Mon-
dardo (2010, p.261), com a chegada dessa globalização do sistema de
produção agrícola, instala-se uma agricultura propriamente científica
e com referência planetária, recebendo influência das mesmas leis que
regem os outros aspectos da produção econômica (principalmente a in-
dústria), como a competividade. O processo de produção agrícola é con-
duzido por uma demanda extrema de comércio, onde o dinheiro passa
a ser informação indispensável (Elias, 2006, p.1).
Fuini (2013, p.53) afirma que uma das características da globali-
zação é emergência de uma nova ordem mundial, uma estrutura de po-
der definida pelos interesses das grandes corporações transnacionais e
órgãos internacionais que gerem o capital financeiro de países ricos. Ela
O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual 79
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
condiciona mudanças no papel do Estado-nação na economia e socieda-
de, diminuindo seu papel de agente distribuidor de renda e garantidor
de benefício, pesando as disparidades. Poderes e responsabilidades são
transferidos para níveis superiores, globais e supranacionais. O Estado
passa a atuar como agente regulador de conflitos entre capital e traba-
lho.
As diversas reformas de cunho neoliberal da década de 1990 e o
programa de privatizações são exemplos do novo modelo de atuação do
Estado que culminou na intensificação o processo de inserção de gran-
des tradings do agronegócio no campo brasileiro, já crescente desde o
início do projeto de modernização agrícola.
Segundo Albano e Sá (2011, p.129), o crescimento da atuação
das grandes empresas ligadas ao agronegócio sobre a produção agríco-
la teve início nos anos 1960, com a Revolução Verde, começando nos
países desenvolvidos e em seguida atingindo os em desenvolvimento,
gerando uma mudança radical nas técnicas agrícolas, como adição de
insumos químicos e variedades de sementes estrangeiras, favorecendo
as monoculturas em larga escala, vulnerabilidades e desequilíbrios am-
bientais e dependência das empresas produtoras de maquinas, imple-
mentos e defensivos agrícolas.
Conforme Matos e Pessoa (2011, p.26), dessa forma,
algumas poucas empresas multinacionais controlam a produção
de sementes transgênicas, caracterizando-se dessa forma, um
oligopólio. Ao comprar as sementes transgênicas o agricultor as-
sina um contrato que o prbe de replantá-las na safra do ano
seguinte, comercializá-las ou trocá-las. As possibilidades ofere-
cidas pelos transgênicos aprofundam a mercantilização das se-
mentes, alterando assim, o seu valor de uso, de tal maneira que
acabam por gerar relações cada vez mais dependentes, deixan-
do de ser parte guardada da última colheita, para ser concedida
como mercadoria (Matos e Pessoa, 2011, p.26).
Essas grandes corporações passaram a determinar os novos pa-
drões tecnológicos de produção, reforçando os sistemas de exportações
e subordinando os produtores a sua lógica, fazendo com que o pequeno
produtor perdesse seu poder de negociação no mercado (Castillo e Fre-
derico, 2010, p.22).
Nesse complexo sistema de globalização destacam-se dez empre-
sas de capital estrangeiro que controlam praticamente toda a produção
agrícola, de agrotóxicos, de sementes transgênicas e o comércio agríco-
la de exportação. São elas (Quadro 1): Monsanto, Bunge, Cargill, ADM,
Basf, Bayer, Sygenta, Novartis, Nestlé e Danone (Camacho, 2012, p.5).
80 A. Barbosa Ribeiro Ferreira, M. R. Toledo, G. Pereira y F. C. Resende
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
Quadro 1: Caracterização das dez principais multinacionais do
agronegócio instaladas no Brasil.
MULTINACIONAL CARACTERIZAÇÃO
ADM
Conglomerado fundado nos Estados Unidos que iniciou suas operações no
Brasil em 1997. A empresa processa e vende soja, milho e produz alimentos
para animais, além de biocombustíveis, produtos químicos e ingredientes
especiais para a indústria.
Basf
Empresa Alemã. Iniciou suas atividades na América Latina em 1911, com
escritório de representão no Rio de Janeiro, e instalão de unidade
de produção em Guaratinguetá-SP em 1955. A Basf produz e comercializa
insumos agrícolas, de nutrão, químicos, produtos de performance,
plásticos, petróleo e gás.
Bayer A empresa química Alemã atua no Brasil desde o século XIX, tendo unidades
de produção em ts áreas de negócios: Saúde, Agronegócios e Materiais
Inovadores.
Bunge
Com sede Estadunidense presente no Brasil desde 1905, a Bunge é uma
das principais empresas de agribusiness e alimentos do país. Produz
fertilizantes, ingredientes de nutrão animal e comercializa soja e outros
grãos.
Cargill Empresa com sede Estadunidense instalada no Brasil desde 1965. A Cargill
está presente em 14 estados, a empresa possui 19 unidades industriais e
está entre as principais exportadoras de soja e processadora de cacau.
Danone De origem francesa, a Danone é uma multinacional de capital aberto
instalada no Brasil em 1970, fazendo parte do macrossegmento da
agroindústria, tendo o leite como matéria prima.
Monsanto
Empresa multinacional de agricultura e biotecnologia, tendo sede nos
Estados Unidos e instalação no Brasil desde 1997. São 36 unidades em
12 estados brasileiros, sendo 19 unidades de pesquisa, 8 unidades de
processamento de sementes, 2 unidades de produção de herbicidas, 3
unidades de vendas, 1 unidade de distribuição e 3 escritórios administrativos
Nestlé Empresa de sede Suíça inaugurada no Brasil em 1921, ocupando o 9º lugar
do ranking entre as 400 maiores empresas do Agronegócio Brasileiro por
ordem de faturamento em 2005 (Exame, 2005).
Novartis Grupo farmacêutico suíço criado no Brasil a partir de fues entre a Sandoz
e Ciba-Geigy, em 1996. A Novartis é especializada em produtos de saúde
animal.
Syngenta Empresa global com sede Suíça e presente em mais de 90 países, a empresa
se instalou em Paulínia – SP e atua do Brasil há mais de 40 anos, sendo
especializada em produtos químicos, sementes e transgênicos.
Frederico e Almeida (2019, p.137), em pesquisa sobre o Land
Grabin na região do Matopiba, elencam outras quinze organizações in-
ternacionais e/ou de capital misto, que atuam no agronegócio somen-
te na região. Segundo os autores (Op.Cit.) essas empresas controlam
pouco mais de 1,5 milhão de hectares de terras na região supracitada,
O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual 81
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
sendo a maioria delas arrendadas ou adquiridas de maneira ilícita, por
grilagem, fraude ou expropriação.
Na década de 1990, o avanço da adoção de políticas de cunho
neoliberal no Brasil permitiu que grandes empresas aprofundassem sua
atuação internacional motivadas por diversas estratégias, como recur-
sos naturais, eficiência econômica, flexibilização do processo produtivo
dentre outras (Benetti, 2004, p.199).
No caso do Brasil, um grande atrativo que explica o interesse nos
grandes grupos internacionais é a existência de grandes reservas de ter-
ras cultiváveis e avanços na pesquisa para a produção de novos cultivos.
Para Silva, Ruediger e Riccio (2007, p.8), outro atrativo para instalação
das corporações estrangeiras no país seriam as vantagens comparativas
apresentadas pelo Brasil para o agronegócio, como o preço da terra, o
estoque de terras agricultáveis e a alta produtividade, que barateia o
custo dos produtos.
Para Albano e Sá (2011, p.130), o que favoreceu a entrada de
tradings internacionais no Brasil foi, principalmente, a implementação
dos “programas de ajustes estruturais”, que implicaram a liberalização
comercial e o aumento dos preços pagos a produtores de culturas volta-
das ao mercado externo.
Cultura, paisagem e as novas funções do território do
agronegócio
Uma dualidade passa a se manifestar entre a paisagem das áreas
do agronegócio e a paisagem das áreas de agricultura de subsistência.
A paisagem do agronegócio é homogênea, tem composição uniforme e
geométrica com rarefação de pessoas, sendo uma área onde predomina
a mercadoria e não a paisagem. Por outro lado, a paisagem da agricul-
tura de subsistência possui diversidade e é caracterizada pela presença
de pessoas (Porto-Gonçalves, 2004, p.19).
O agronegócio não é uma produção que envolve os sujeitos ter-
ritorializados no processo, pois sua importância, como o próprio nome
diz, é o “negócio”, o lucro através da expropriação camponesa, dos pou-
cos trabalhadores assalariados e muitas máquinas (Porto-Gonçalves,
2004, p.47). Como consequência da territorialização do capital no cam-
po, ocorre uma ampliação da oligopolização do espaço agrícola brasi-
leiro, acompanhado de fragmentações que culminam numa nova divi-
82 A. Barbosa Ribeiro Ferreira, M. R. Toledo, G. Pereira y F. C. Resende
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
são territorial do trabalho diretamente relacionada à atividade agrícola
(Gomes, 2011, p.61).
Fernandes e Molina (2005, p.30) apresentam outros antagonis-
mos existentes entre os modelos de produção e os nomeia como “agro-
-negócio”, o setor de produção capitalista e larga escala, e “agri-cultura”
o setor de produção de subsistência, a agricultura tradicional, no qual
inserem-se o campesinato e o modelo de produção familiar (Wanderley,
2015, p.30).
No “agro-negócio” vê-se a monocultura, as commodities, paisa-
gem homogênea, espécies exóticas, tecnologia de exceção, degradação
ambiental e outros. Antagonicamente, na “agri-cultura”, tem-se culturas
diversificadas, paisagem heterogênica, direcionamento interno de mer-
cado, tecnologia apropriada e baseada no conhecimento local, conserva-
ção do solo e trabalho familiar (Fernandes e Molina, 2005, p.30).
Em suma, nos territórios do agronegócio predominam as rela-
ções financeiras e comerciais. Por outro lado, na agricultura tradicio-
nal, ocorrem relações mais horizontais e humanizadas, onde o produtor
possui vínculo, referência e relação com o lugar e suas particularidades.
O agronegócio foge do alcance dos olhos, perde a essência de paisagem
multivariada e dinâmica, as relações sociais são sobrepostas pela ho-
mogeneidade e larga escala do cultivo de “cerca a dentro”, onde não
cabe a população origiria, como camponeses, sertanejos, ribeirinhos,
geraizeiros, vazanteiros, indígenas e quilombolas.
Nesse sentido, Fernandes (2013, p.142) aponta que, há um pro-
cesso de cooptação da agricultura camponesa, pois esta não é adaptada
ao produtivismo, não utiliza predominantemente de insumos externos
e tem potencial pautado na diversidade e uso múltiplo dos recursos na-
turais.
Regiões Produtivas Agrícolas e as cidades do agronegócio
A intensificação recente do agronegócio no Brasil promoveu uma
reorganização do território resultando em novos arranjos territoriais
com reestruturação urbana e regional, como a formação das Regiões
Produtivas Agrícolas (RPAs) (Elias, 2013, p.26).
Essas regiões são áreas de difusão de vários ramos do agrone-
gócio globalizado, e estão relacionadas cada vez mais ao circuito da
economia urbana. Elas compõem lugares propícios ao exercício dos ca-
pitais hegemônicos, dos circuitos espaciais, e círculos de cooperação de
O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual 83
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
importantes commodities comandadas por grandes empresas nacionais
e multinacionais da agropecuária moderna de inserção tecnológica (Go-
mes, 2011, p.58).
Segundo Frederico e Castillo (2010, p.464), os circuitos espaciais
de produção correspondem às instâncias etapas separadas da produção,
distribuição, troca e consumo do produto. A partir disso, estabelecem
os círculos de cooperação, que são conexões com setores, empresas,
associações e outros. É nesses lugares que se concentram os principais
serviços, agentes e produtos que atendem às demandas da produção,
além dos aportes técnicos, financeiros, jurídicos, de mão de obra e ou-
tros (SEI, 2017, p.14).
Matos e Pessoa (2011, p.25) afirmam que, nas áreas onde a mo-
dernização agrícola se expande, ocorre transformação no modo de vida
da população residente, pois são inseridos novos valores, que se apro-
ximam dos valores urbanos. As cidades também vão sendo modeladas
em função das novas demandas do agronegócio, se reestruturando para
servir a sua dimica, ganhando novas formas espaciais e redefinindo
as funções que já existiam (Leal, 2014, p.5), se adaptando para atender
a intensiva produção agrícola, oferecendo aportes técnicos, financei-
ros, jurídicos, mão de obra e todas as demais necessidades (Elias, 2013,
p.24).
Os espaços urbanos próximos às áreas de difusão do agronegócio
passam a ter novas funções inerentes às demandas desse, constituindo
nós fundamentais na rede de relações do agronegócio em termos demo-
gráficos, econômicos ou espaciais, criando especializações territoriais
cada vez mais profundas, transformando radicalmente as cssicas re-
lações campo-cidade.
Segundo Frederico (2011, p.7), há nesses espaços um aprofun-
dando a divisão territorial do trabalho e, consequentemente, necessi-
dade de criação de mais fluxos materiais, imateriais e inter-relações
entre o local e o global. O fato, conforme Santos (2005, p.260), é parte
tendência atual de união vertical dos lugares, influenciada, sobretudo,
pelos “créditos” e interferências internacionais nos países subdesenvol-
vidos, a fim de estabelecer redes a serviço do capital.
Dessa forma, os espaços rurais e urbanos passam a receber larga
quantidade de fluxos de matéria e informação, o que resulta numa total
reorganização do território brasileiro agrícola, urbano e regional (Elias,
2012, p.8).
84 A. Barbosa Ribeiro Ferreira, M. R. Toledo, G. Pereira y F. C. Resende
Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios Nº 50 | 1er. Semestre de 2019
Considerações nais
Em pouco mais de meio século o projeto de modernização agríco-
la no Brasil acarretou numa série de transformações na configuração do
território nacional, influenciando no modo de vida da sociedade rural e
urbana, na economia, na cultura e na paisagem. O meio rural tornou-se
cada vez mais urbano e o urbano cada vez mais conectado às transfor-
mações do rural. A produção que antes objetivava a subsistência passa a
representar a principal fonte de superávit nas balanças comerciais e um
modo de inserir o Brasil no mercado externo, cedendo a este o controle
de diversas atividades efetuadas no país.
Nesse contexto, o território brasileiro mergulhou num processo
de globalização econômica voltada e controlada pelo mercado mundial,
que impõem preços, regras, gera dependência, vulnerabilidade, oscila-
ções e consequentemente transforma a configuração do espaço rural,
do urbano e suas relações.
O modo como se deu a modernização agrícola no Brasil, forte-
mente impulsionada pelo Estado, porém excludente, trouxe consigo
uma gama de consequências no que se refere ao desenvolvimento na-
cional. A inserção das tecnologias no campo acarretou na expulsão do
pequeno produtor e mantedor da produção voltada ao mercado interno,
que ficou a mercê dos programas sociais do governo e teve seu espaço
ocupado pelos grandes detentores do capital financeiro, principalmente
o internacional.
O investimento Estatal na concessão de créditos agrícolas nas dé-
cadas de 1960 e 1970, decadentes após 1980 e que ressurge nos anos
2000, foi inversamente proporcional ao investimento no pequeno pro-
dutor e na Reforma Agria, que não passou de uma negociação entre
Estado e latifundiários para concessão de assentamentos, diferente de
reforma.
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O agronegócio no Brasil: uma breve revisão histórica e conceitual
Fecha de recepción: 17/03/2019
Fecha de aceptación: 03/10/2019